Histórias de Moradores de Lorena

Esta página em parceria com o Museu da Pessoa é dedicada a compartilhar histórias e depoimentos dos Moradores.

História do Morador: Jesse Antonio do Nascimento
Local: São Paulo
Publicado em: 11/03/2004

História: Lanches, Sorvetes e Histórias


Sinopse:

Infância e juventude em Jacareí. Educação. Colégio Interno. Descrição do cotidiano no colégio interno. Guaratinguetá e Lorena nos anos 60. Descrição de Jacareí. Trabalho na sorveteria. Outras atividades no comércio. Casamento. Filhos. Segredos das receitas de sorvete. Atividades atuais.

História

IDENTIFICAÇÃO
Meu nome completo é Jesse Antônio do Nascimento, sou natural de Jacareí, nascido em 22 de abril de 1948.

FAMÍLIA
Os nomes dos meus pais são Pedro Alves do Nascimento e Teresinha de Jesus Nogueira do Nascimento. Os meus avós se chamavam Teresa de Carvalho Nogueira e Joaquim Paulino de Carvalho Nogueira - esses, os pais da minha mãe. Os pais do meu pai chamavam José Alves do Nascimento e Águeda de Oliveira Alves. Eles são de Minas. Vieram de Pouso Alegre, quando meus pais ainda eram pequenos, e trabalharam em Jacareí. Meu pai, quando moleque, quando garoto, ele foi engraxate. Depois de uma certa idade foi trabalhar numa fábrica de meias em São Caetano. Voltando para Jacareí... A irmã mais velha dele, a Carminha, a Maria Auxiliadora do Carmo, conhecida como dona Carminha, era casada com um italiano chamado Rafael, e montaram uma sorveteria. Só que o casamento dela não durou muito tempo. Meus pais e meus tios aprenderam com o Rafael toda a artimanha da sorveteria. Porque, naquela época, era mais artesanal. Fazia aquele sorvete tipo cassata, aquele espumoni. Esse sorvete mais sofisticado que hoje existe, na época ele já fazia, com mais dificuldade, porque não tinha equipamento moderno, de alta produtividade como tem hoje.

COMÉRCIO
A sorveteria chama Leal devido ao nome do irmão, Leal Alves do Nascimento, que é irmão da minha tia, irmão do meu pai. E ele tocou a sorveteria por um determinado período, sendo sucedido pelo meu pai, Pedro Alves do Nascimento. Ele ficou 55 anos trabalhando direto na sorveteria, sem férias, sem nada, porque ele diz que a paixão dele era a sorveteria. Tinha grandes amizades, e tudo o que o pessoal queria saber da cidade, ou acontecimento político ou qualquer acontecimento da cidade, o pessoal ficava sabendo na sorveteria. Porque lá reunia o pessoal que vendia automóvel, vendia gado, vendia terreno. Os políticos também se reuniam lá. A sorveteria foi fundada em, mais ou menos, em 1937. Agora está comigo, faz uns treze anos. Porque meu pai veio a ter um problema de doença. Eu tinha um outro comércio, mas vendi para assumir a sorveteria. Fui criado dentro da sorveteria, mas fiquei afastado por muito tempo. Uns 25 anos, porque eu casei e queria ter uma vida própria, ter meu negócio, ter a minha família, os meus filhos.

CIDADES
Jacareí Nasci e cresci em Jacareí. Era uma cidade com pessoas todas amigas, todas conhecidas. O point da cidade era a Sorveteria Leal, o Cine Rio Branco, o Esporte Clube Elvira - concentrado tudo no centro - e a igreja Imaculada Conceição, que é do lado. Então, se uma pessoa não fosse na igreja, na praça, na Leal, no Cine Rio Branco ou no Esporte Clube Elvira no final de semana, parecia que não tinha saído de casa. E é interessante, ali no centro, na praça, porque as moças da classe média para baixo freqüentavam a parte de cima da praça, ao passo que na parte de baixo da praça, a freqüência era mais pela elite, pelas moças da alta sociedade. Das sete até às nove horas da noite tocava música de alto-falante. Tinha o nosso amigo, Cambiro, um excelente locutor, que apresentava as músicas e fazia os comerciais. Tinha o pessoal passeando na praça. Tocavam músicas do Jamelão, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves e outros tantos cantores da época, Emilinha Borba, Ângela Maria, enfim. Chegava a época de Carnaval, a época de Natal... Hoje em dia não se faz música como antigamente. Você ia dançar num baile de Carnaval, o que eu me recordo mais, a “Máscara negra”, como tem tantas outras músicas, você já ia para o salão de baile, você já estava afiado para os bailes carnavalescos. E época do lança-perfume...

MORADIA
Na época de criança, eu morei na rua Rui Barbosa, ao lado da igreja Nossa Senhora da Santíssima Trindade. Eu nasci e fui criado ali. Era uma casa simples, uma casa humilde. Porque na construção antiga você não tinha muito luxo. Hoje, qualquer casa tem azulejo, banheiro dentro. Antigamente era diferente. Foi a época que começou a modernizar as coisas. Então, chuveiro não tinha: tinha que tomar banho de bacia.

FAMÍLIA
Eu tenho mais um irmão e duas irmãs. Inclusive, eu tenho uma irmã que é procuradora do município de São Paulo, chama Glória de Jesus do Nascimento. E tem uma outra irmã chamada Teresinha de Jesus Nogueira do Nascimento, e um irmão, que é dentista, chamado Sidnei Nogueira do Nascimento. Ele tem curso de ortodontia. Vivíamos todos ali. O meu irmão, por exemplo, que é dentista, é formado pela Faculdade Federal de Alfenas; a minha irmã é pelo Mackenzie; e a minha outra irmã parece que é do Mackenzie, também. A gente é uma família unida, temos muita amizade e boas relações.

EDUCAÇÃO
O que recordo muito é do período de escola. Estudei no Externato Santa Terezinha, que era das freiras. Não sei se eram freiras Carmelitas, sei que pertencia, eu acho, que à irmandade da Santa Casa. Então, eles tinham um tipo de uma escola de jardim-da-infância e primeiro grau, e a minha primeira educação foi ali. Em Jacareí mesmo. Depois estudei no Colégio São Joaquim, em Lorena, por dois anos. Lá no colégio tive muitas amizades, com muitas pessoas. Eu fui para Lorena pelo seguinte: porque eu era um menino rebelde, então eu tinha que estudar em colégio interno. É que eu era uma pessoa, um menino que não era aplicado nos estudos. Acharam que eu indo para o colégio interno, colégio bom... Então fui eu e meu irmão. Eu estava, mais ou menos, com uns onze para doze anos.

TRANSPORTE
De Jacareí para Lorena usava ônibus. Pássaro Marrom, por exemplo, que existia na época, o Expresso Malerba, que hoje já não existe mais.

EDUCAÇÃO
Minha mãe foi induzida por uma prima que era professora, que achava que se me pusesse lá no Colégio São Joaquim, que eu ia melhorar. Mas não foi aquele sucesso esperado, porque eu era muito agarrado com a família, nunca tinha saído. Então foi um período traumatizante, eu fiquei traumatizado com aquilo lá. Porque você chega num lugar, você não conhece ninguém, então você fica traumatizado. Você deita, você pensa no pai, você pensa na mãe - é a minha maneira de ser. O colégio era rigoroso, você não tinha muito esclarecimento. Por exemplo, o negócio do fumo: a molecada fumava, começava a querer tomar uns negocinhos.

Não dentro do colégio: na rua. Você ia lá para dentro, todo moderninho, você via um artista de cinema, o Clark Gable, você vê esse pessoal todo fumando, então você achava bonito. Mas na realidade você não tinha informação do malefício. Eu fumo, sou fumante inveterado, pretendo lagar. Mas a gente não tinha esclarecimento. Quando a gente saía, a gente vinha para casa e já comprava os maços de cigarros, já punha dentro lá, escondido, coisa e tal. Mas a gente tinha punição por isso. Era um colégio religioso dos padres salesianos. Quando descobria, punia, dava lá para você fazer: “Eu não vou fumar mais: escreve mil vezes aí no caderno”. Ou comunicava a mãe - e não adiantava. A gente tinha poucas visitas, a gente ficava preso ali, todo dia, você fica alienado àquilo ali. Eu tinha um tipo de sentimento mais voltado do lado do meu pai, da minha mãe... Os padres colocavam lá música que, não digo religiosa, sabe como é que é, mas aquelas músicas já anterior a tudo isso que a gente vê. Tipo Vicente Celestino, tudo mais ou menos aquele nível. Você ficava só ouvindo aquilo ali. O muito que a gente podia usar era um rádio de pilha para você escutar um futebol, para a gente acompanhar.

Eu, por exemplo, acompanhei a carreira do Pelé pelo rádio. Fiquei dois anos lá, dos onze aos treze anos, mais ou menos. Era meio longe para a gente ir, tinha dificuldade para ir. A minha mãe quando ia lá, tirava a gente do colégio, a gente ia para o restaurante da cidade, almoçava, tomava coca-cola, passeava ali no centro. Você sabe: no fundo, eu não gostava disso, porque me feria. Então, foi um negócio meio revoltante. Meu irmão tinha outra personalidade: ele já era mais extrovertido, mais bagunceiro, mais causador mais de problemas. Porque eu não era de criar problemas, eu era pior na parte de estudo. Agora, o meu irmão já era mais problemático de comportamento, porque dentro do colégio mesmo já aprontava. Ah, a gente bagunçava, fazia tudo que não podia fazer: fumava, judiava dos outros alunos. Então, esses tipo de coisa que fugia às normas.

Que tudo tem a sua norma. Por exemplo, num colégio interno tem as suas normas rígidas para você seguir: você não pode isso, não pode aquilo. Então, um negócio que era muito chato, por exemplo, era rezar toda hora. Eu acho que a pessoa deve ter o seu culto, porque eu até admito que naquela época a criação era daquele jeito, hoje já é diferente. Levantava cedo, você vai rezar; você vai chegar na hora do almoço, juntar a turma, rezava dentro do restaurante; quando era de tarde, era mesma coisa; quando era à noite, por exemplo, que estava encerrado o expediente, tudo, que a gente saía dos estudos, coisa e tal, reunia todo mundo no pátio e todo mundo fazia oração. Então, a coisa mais marcante para mim, que até hoje eu trago isso comigo, é que lá de vez em quando eles anunciavam, assim, depois da oração: “Eu quero comunicar a todos vocês que um amigo seu não está presente hoje devido o falecimento do pai dele”, ou o falecimento da mãe dele ou falecimento de um irmão. Então, aquilo ali me atacava profundamente, porque eu não admitia uma pessoa estar distante e você não ter contato com a pessoa. Então, eu não conseguia admitir isso aí. Aí, tudo bem, estudei em Lorena com os padres.

VALE DO PARAÍBA
O centro de Lorena, eu lembro que tinha uma fonte lá na praça central. Então, eu lembro do campo do Ipacaré. Na época em que eu estava estudando, o Pelé, se eu não me engano, estava servindo o Exército e foi jogar lá contra o time do Ipacaré. O time do Exército foi jogar contra o time do Ipacaré. Então, eu lembro disso aí.

ADOLESCÊNCIA
Lembro da Coca-Cola, Grapete. Inclusive, até hoje eu comento que a coca-cola, você tomar uma coca-cola naquela época era uma delícia, hoje você toma uma coca-cola é uma água doce. Então, são coisas, por exemplo, que marcavam a vida da gente no colégio.

EDUCAÇÃO
Esse colégio era pago. Eu acho que para o padrão da época era um colégio bem carinho. Porque ali você tinha tudo: você tinha suas roupas... Quando tinha que lavar roupa você fazia um rol, a listagem da roupa que você estava mandando lavar. O saco em que você colocava as roupas era numerado, com o seu número, a sua roupa era numerada, então ia para a lavanderia e vinha limpinho. Chegava na hora de comer, no almoço ou no café... eu, para me sentir melhor, ajudava no restaurante a servir a comida, não ajudar a fazer, mas a servir. Pegava aqueles carrinhos grandes, colocava o arroz, o feijão, a mistura, o sorvete, a sobremesa, tudo que tivesse direito. Então, colocava no carrinho e servia as mesas, colocava nas mesas, para que na hora que os alunos chegassem já estivesse a comida na mesa. Então, para eu levar vantagem nisso daí, o que eu fazia? Eu arrumei para servir. Então, lá eu comia dois bifes, tomava quatro sorvetes, refrigerante, tomava à vontade. Porque para a gente vinha à vontade.

Não é dizer que para os outros também não tinha, tinha, mas a gente tinha mais privilégios. Por exemplo, na sobremesa, tinha quatro sobremesas. Coisa que me marca muito: comer pão de sal com banana. A pessoa acha estranho, mas a pessoa tem que experimentar para ver como é gostoso. Pão de sal com goiabada, com marmelada, é uma coisa que fica marcada na gente. E outra coisa que a gente fazia, por exemplo, a gente levava manteiga de casa, porque [havia] uma geladeira lá, então a gente tinha os potes tudo marcado e a gente punha manteiga da gente lá. E quando a gente ia dormir, apesar de a gente ter jantado... eu tinha no meu armário uma caixeta de goiabada, bolacha maisena, tinha dois ou três quilos de açúcar, pacotinho de um quilo, tinha uma lata de Nescau e uma lata de Leite Ninho. Então, a gente colocava o Leite Ninho, o açúcar, o Nescau - ou o Toddy, como quer que seja - porque ele não era instantâneo, era integral, então você fazia, ficava um meio mingau, assim. Mas ficava uma delícia, porque ficava um negócio meio viscoso mas gostoso. E eu fazia aquelas bolachas de maisena, cortava uns pedacinho de doce, punha no meio, fazia um tipo de um sanduichinho, fazia uma meia dúzia daquilo lá. Ia tomando e ia comendo aquilo lá. Então, são coisas simples mas que marcam a gente, dá saudade às vezes. Às vezes a gente fala para uma pessoa assim: “Você deve fazer para saber o que é bom”. E outro dia fiz até em casa, porque uma vez fiquei com uma vontade. Eu falei: “Ah, vou comprar e vou fazer, estou com vontade”. E é gostoso mesmo.

FAMÍLIA
Meu pai trabalhou muito tempo numa fábrica de meia em São Caetano. O meu tios - esse que foi um dos pioneiros na sorveteria - também trabalhou em fábrica de meia. E tem um outro que trabalhou na Central do Brasil, um tal de Sebastião. Meu pai sempre lutou muito com a vida. É uma pessoa que ninguém fala nada contra ele, sempre foi uma pessoa do bem. Chegava uma pessoa lá, por exemplo, na sorveteria, podia ser um menino simplesmente: “Ô seu Pedro, dá um picolé pra mim”, “Tó Eu já passei por isso”. Então, é o tipo de pessoa assim. E sempre procurava favorecer o mais desfavorecido, procurava ajudar.

COMÉRCIO
Lá Rio Grande do Sul, em Canoas - não sei se é naquele lado lá - tem um amigo meu que estava trabalhando lá, e ficaram sabendo que ele era de Jacareí. E perguntaram para ele: “Ô, você é de Jacareí?”, “Ah, eu moro lá em Jacareí”, “Ainda existe aquela sorveteria lá, a Leal?”. Então, tem muita gente do Norte, Nordeste, do centro do Brasil ou de Minas Gerais, que seja, que conheceu a sorveteria. Chegou uma moça lá, uma americana, uma senhora casada, tomando lá uma salada de frutas com sorvete, ela e uma amiga dela - ela com uma câmera de vídeo gravando -, aí eu perguntei para ela: “E você, você está gravando isso aí?”, “É para mandar para o meu marido que está nos Estados Unidos. Isso é para fazer ciúme para ele”. Tem uma moça lá, uma mulher lá de Jacareí, ela conheceu um produtor de cinema espanhol. Se eu não me engano, ela casou com esse produtor espanhol. Ela chamava Lúcia, Lúcia Viana, e ela morava lá, conheceu muita gente - tipo Sofia Loren, esses grandes atores de Hollywood - porque o marido dela é produtor. Se eu não me engano, parece que foi ele que fez aquele filme, o El Cid, não sei se foi um dos diretores do filme. Então, ela falava assim: “Se eu vier em Jacareí e não for na Leal, não estive em Jacareí”.

CASAMENTO
Eu voltei para Jacareí em 1965, 1964. Aí eu fiquei estudando, ficava naquela de ficar um ano no ginásio do estado: estuda um ano, passa, chega no outro ano, repete, depois passa, depois repete de novo. E ficou assim. Então eu fui me formando nessa, meio devagar. E daí eu conheci a minha esposa, a Janete. E rapaz muito novo, a gente cheio de ilusão, casar, ter filhos. Mas a gente não sabe as dificuldades que a gente passa, mas dificuldade que traz retorno para a gente, para a gente pensar na felicidade. Casei em 1972. Eu trabalhava com o meu pai lá. Atendia no balcão, fazia de tudo. Se precisasse fazer um sorvete, eu ia lá e fazia. Eu aprendi a fazer com o meu pai.

COMÉRCIO
A sorveteria não começou ali onde é hoje. Ela começou um pouquinho do outro lado da praça, onde funcionava o bar Brasil, que hoje é a loja Pelicano. Aquele terreno era um terreno vago, era um terreno que os donos do cinema usavam como uma garagem para veículo, colocavam ali os veículos deles. E a minha tia tinha muita amizade com eles, que eles falaram: “Carminha, se você quiser, você pode montar o seu negócio ali”. E foi onde surgiu a Leal. Então ela montou o negócio ali e pôs no nome do meu tio. E ela era sócia. O pessoal pensa que é sobrenome, mas não é: é nome. Porque ele chamava Leal Alves do Nascimento. Então foi o nome que eles acharam na época. O equipamento para conservar o sorvete era o seguinte: eram máquinas antigas, com compressores enormes. Era tudo feito na salmoura - porque o pessoal não conhecia outra técnica, outro produto - então fazia uma salmoura forte. Tinha um sistema que era uma batedeira, então a água ficava ali, você ligava o compressor, o compressor jogava o gás freon por dentro da serpentina, que circundava a máquina.

Que nem é o freezer mesmo de hoje, só que era cheio de água, água de salmoura. Tinha dia que o meu pai chegava três horas da manhã lá na soverteria; eram dez horas da noite ele estava fazendo sorvete ainda. Esse processo era para conservar e para fazer o sorvete. Porque a mesma máquina você usava para fazer o sorvete e ao mesmo tempo servia para conservar o sorvete. Para fazer um sorvete, o tal de Beijo Frio - que é o sorvete de massa, ele é cortado em pedaços e é revestido com uma calda de chocolate, é parecido com um tradicional sorvete que a gente vê de alguma grande empresa - naquela época já fazia isso aí. Mas tinha técnica. Ele deve ter aprendido na Itália, Rafael - que foi casado com a minha tia Carminha - deve ter aprendido na Itália e trazido essa técnica para o Brasil. Era um tipo de uma panela, aquilo lá ia girando. Então, você colocava a calda na panela, um tipo de um panela de cobre - e panela de cobre é mais estanhado por dentro, o aço inoxidável é muito recente, então era estanhado por dentro - então você ficava com a pá de madeira: conforme virava aquele líquido, ficava na parede da panela, ele aderia, por causa da friagem, ele aderia na parede daquele panelão. Aí você, com uma pá de madeira, pressionava, então saía aqueles flocos de sorvete. E o negócio era feito artesanal. Hoje, por exemplo, você tem produtos químicos, tal de liga neutra, tem dulcificante, você tem os pós dos sabores para você fazer o sorvete. Naquela época não: aquela época você tinha tudo que fazer ali na base do mingau, na base da araruta, na base da maisena. Você não tinha muito recurso, mas que dava um sorvete espetacular. E fazia picolé também.

Era a mesma coisa, só que você tirava essa panela - do lado máquina tinha um suporte - e você colocava o produto nas formas e mergulhava na salmoura. Então, você tinha um pedaço de ferro, assim, com uma hélice embaixo que ia virando, então ia locomovendo a água, ia mexendo, ia misturando a água ali. A água então ia batendo nas formas, que aí você colocava os palitos. Era a mesma coisa. Hoje também é feito quase dessa mesma maneira, mas só que usa-se álcool. Tinha também o Esquimo: é uma calda de chocolate que a gente fazia, usando a base de gordura hidrogenada. O picolé estava pronto, porque o picolé já é gelado. Então, a gordura hidrogenada nada mais é que... A gente tinha um processo que a gente colocava o chocolate em pó, punha um pouco de açúcar e uns outros segredinhos a mais. Então, aquilo lá você tinha que escaldar ele em banho-maria - porque você não podia estar com a calda muito quente, que mesmo o sorvete estando gelado, na hora que você colocasse dentro da calda, você tirava ele, a calda saía, não aderia no sorvete. Então, tinha que ser uma temperatura, mais ou menos, de uns vinte graus, ou dezoito, por aí. Então a hora que você mergulhasse o sorvete, aquela cobertura de chocolate aderia no picolé. Aí você colocava ou embrulhava em papel celofane, porque naquela época não tinha esses papéis parafinados que existem hoje. Então, a gente embrulhava em papel celofane, punha na geladeira lá. Então, é até engraçado o seguinte: a gente fazia sorvete de coco, e um sorvete de palito que a gente faz até hoje é o sorvete de frutas. É uma calda de groselha com pedaço de frutas: mamão, banana, abacaxi, maçã, tudo. Então, aquela fruta ficava congelada. É um dos sorvetes que mais vendem lá, é esse aí. E como a gente não tinha esse negócio de embalagem - porque antigamente era tudo meio difícil - então você punha um sorvete de coco, daqui a pouco você punha um sorvete de salada, daqui um pouco você punha um sorvete de chocolate. E naquela época ninguém reclamava. Você pegava um sorvete de coco e ele está meio manchado ou de chocolate ou de groselha. E a turma gostava, ninguém se importava com isso. Hoje em dia é diferente a coisa. Antigamente, você tinha que tomar o sorvete na sorveteria. Você podia até levar, mas é que você não tinha um dispositivo mais adequado. Numa época de calor, por exemplo, você levava uma vasilha de alumínio, andava cinquenta metros e já estava mole o sorvete.

Hoje em dia você tem recurso, você tem isopor, você tem embalagem plástica, o sorvete já é mais gelado. Então dá mais tempo de você transportar para casa. A concorrência em Jacareí começou bem depois. Alguns faziam... Tinha essas máquinas antigas, que nem a gente tinha, mas não era frente para nós lá, porque o pessoal estava acostumado. O pessoal fazia... Mas é a mesma coisa: você vai comer uma comida num determinado lugar, você está acostumado com aquele gosto daquela comida; ou vai comprar um pão numa padaria, você está acostumado com aquele determinado tipo de pão, você sabe que vai lá todo dia e vai ser a mesma coisa.

Então o pessoal fazia, mas nunca chegava a competir. Uma que começou a bater um pouquinho de frente com a gente lá foi a tal de Frumone, porque já teve inovação, eles já puseram carrinho na rua. O espaço também não era muito adequado, porque sempre foi pequeno aquilo ali. Então não tive jeito de expandir. Vendemos com carrinho pela cidade, numa época, mas não deu continuidade. Porque naquela época você não tinha muita tecnologia. Você tinha que pôr gelo dentro do carrinho, tinha que pôr pó de serra para conservar o gelo. Eu sou da época que gelo em Jacareí vinha pela Central do Brasil. Então, chegava na cooperativa, próximo do Centro de Cultura ali da cidade - e o trem, por exemplo, descarregava muita coisa ali, era um tipo de um entreposto - então gelo vinha de São Paulo, às vezes - porque não fabricava gelo aqui. Então era um negócio meio dificultoso.

FAMÍLIA
Meu tio trabalhava na Central do Brasil, na parte de manutenção. Meu tio Sebastião. Mas ele aposentou logo porque ele tinha problema, negócio de bronquite.

TRANSPORTE
Na estação de trem chegava muita mercadoria. Tanto chegava como saía muita mercadoria de Jacareí. Esse negócio de carne para açougue, cereais, material de construção - esse tipo de mercadoria vinha de trem. Vinha de São Paulo.

COMÉRCIO
Quando me casei eu tive o meu negócio próprio. Então eu não tinha nada a ver com a sorveteria, tanto que eu fiquei afastado mais de 25 anos da sorveteria. Eu ia sempre lá, mas não ajudava ele porque eu tinha o meu negócio. Eu mexia com bar, sempre gostei do ramo de bar. Então montei uma lanchonete em Jacareí, em 1971, chamada Xodó, e fiquei nela por uns quatro anos. Era muito freqüentado lá por essa rapaziada. E foi um período de uma cultura... Porque foi na época pós-revolução, então o pessoal tinha já... Por exemplo: estava no auge o PMDB [Partido do Movimento Democrático Brasileiro]; pessoas, estudantes universitários revoltados com a situação política do país. Então a gente via muito comentário ali do pessoal. Tinha muita gente que estudou, que era formado em medicina em Ribeirão Preto e outras universidades de São Paulo, então o pessoal comentava a situação política do país. Esse pessoalzinho mais esclarecido achava que estava sendo oprimido pelo regime, que não tinha liberdade de expressão. Então, com o tempo, o pessoal foi se conscientizando mais.

O pessoal achava que os mais jovens, os mais intelectuais achavam que tinham que estar mais do lado do comunismo, que era mais justo para a sociedade todo mundo ser igual, todo mundo ter, todo mundo poder ter cultura, ter saúde, ter tudo. Mas só que na realidade isso aí não veio à tona, porque eu acho que em lugar nenhum, no mundo inteiro, não é assim. O pessoal ia lá, se reunia nesse Xodó. Era muita polêmica, mais a rapaziada jovem, assim, da época da Tropicália, Roberto Carlos no auge, Gilberto Gil começando, Caetano Veloso, Chico Buarque de Hollanda. Então, era assunto da roda de estudante. A gente sentia que estava para acontecer alguma coisa, porque tinha que ter uma mudança, porque estava todo mundo revoltado.

Aí surgiu o MDB, que era oposição, então tinha a Arena. Eu fiquei quatro anos ali nessa lanchonete. E depois eu me transferi para um outro bar que eu comprei, que era sorveteria também, que era do próprio Leal, meu tio. Só que lá já era mais devagar, porque a cidade também já tinha crescido mais na época. E a gente não usava o nome dela, às vezes usava outro nome lá, Sorveteria Avenida, por exemplo, que foi onde meu tio ficou. Assim mesmo ainda tinha um pouco de movimento, porque antigamente usava muito esse negócio de matinê, cinema - porque era colado com o Cine Avenida. Então, tinha muito movimento, montava parque em frente. Então dava para ele sobreviver, como ele sobreviveu lá na Leal mesmo, na principal.

Aí eu comprei essa outra sorveteria. Só que lá, depois eu transformei em bar, porque eu vi que estava meio fora do centro, não estava girando muito bem, então transformei em bar. Acho que em 1976, mais ou menos. Porque praticamente nesse bar na avenida lá, eu fiquei mais ou menos dezenove anos lá. Quando eu fui para lá, foi em 1976, o mais velho já devia ter uns cinco anos, o outro do meio meu, uns três. O caçula meu, que é radialista hoje, ele não tinha nascido ainda. Trabalhava aí a minha esposa. No início andei pondo uns empregados, mas eu vi que não estava rolando muito. Eu acho que dava para a gente tocar porque os meninos já estavam um pouco maiores, eles mesmo me ajudavam. Ajudavam e estudavam.

Então, tinha horário para ficar lá comigo lá, tinha horário para estudar. Então foi uma maneira que eu evitei que eles ficassem na rua com companheiros não muito adequados. Foi onde cada um foi adquirindo a sua personalidade. Porque em bar você conhece de tudo: você sabe o que é bom, o que é ruim. Então você já vai adquirindo desde criança a experiência. Tanto que são todos excelentes pessoas, respeitadores, trabalhadores. Nunca tive problema com eles, o que é motivo... Uma satisfação e um orgulho. Por um período de tempo eu fiz sorvete lá, mas eu vi que o negócio não era bem esse - porque a gente precisava ter mais alguma coisa. Aí eu transformei em bar. Ficava na avenida Siqueira Campos.

COSTUMES
É o hábito do brasileiro. Diz que no inverno não pode tomar sorvete, mas você vê que o consumo de sorvete nos Estados Unidos e nos países europeus, por exemplo, continua o mesmo, tanto no inverno como no verão. Parece que cada cidadão americano consome 25 litros de sorvete no ano. O brasileiro não consome três. Porque o sorvete é um alimento, ele tem caloria, é um alimento rico em caloria. Só que o brasileiro já pensa diferente: ele tem que tomar sorvete no verão. Acho que é o costume do povo.

COMÉRCIO
Vendi, vendi o bar. Eu tive que vender porque nessa época o meu pai ficou doente e ele começou a ficar com problema de locomoção. Então, eu assumi a sorveteria, meio de sócio com a minha mãe. Antigamente, lá, a gente servia água gelada. Você sabe como se servia água gelada? Na torneira mesmo. Só que a água saía do encanamento, passava dentro, por um encanamento próprio, passava dentro da serpentina onde ficava a salmoura, a água passava por ali assim, com pressão: “Ah, dá um copo d’água gelado”.

Você abria a torneira e já saía. Era um negócio meio interessante, para a época. Tinha um dispositivo, acho que dava aquele gás na água, lá. E uma coisa que eu achei interessante ali foi quando a igreja Universal inaugurou onde era o cinema. Então ficou uma polêmica, porque a única coisa que separa a igreja Universal da igreja católica é a sorveteria. Eles falavam assim: “Você é um verdadeiro Muro de Berlim, de que lado você está?”. Então, saiu uma matéria no Valeparaibano, saiu uma matéria no Diário de Jacareí. Então, são coisas que saem, mas a gente não tem, não guarda, porque: “Ah, fica guardando papel, fica atrapalhando, fica juntando tranqueira”. E vieram perguntar para mim: “Como é que se comporta aí a freguesia sua, sendo duas religiões diversas?”, “Ah, para mim é normal.

Tem umas ou outras pessoas que são mais fervorosas por um tipo de religião, que fica querendo... Mas a convivência lá é uma convivência sadia”. Nunca deu briga. Mas sempre tem umas pessoas mais antigas, mais antiquadas que acham que a católica está mais certa ou que a Universal está mais certa. Quer dizer, são pessoas que não têm esclarecimento. Mas todo mundo freqüenta lá: eu atendo todo mundo, todo mundo bem. Porque o importante é atender o público. Porque, que nem eu canso de dizer: o espírita toma água, o católico também, o crente da Universal também toma água. Se não tomar água, o que acontece? Vai morrer, vai ter uns problemas. A pessoa come, não come? Então, tanto faz se é católico, espírita ou da Universal: eles têm que comer, senão não sobrevive. Não é uma crítica, é uma maneira de pensar. Então, a gente tem que respeitar todos.

CIDADES
Jacareí Eu acho o comércio em Jacareí até ativo. Eu acho que - como eu tenho comentado em alguma entrevista, alguma coisa que o pessoal tem pedido, tem me perguntado, aliás. É que antigamente não existia supermercado. A pessoa ia ao Mercadão, e geralmente ao lado do Mercadão sempre teve tipo loja de armazém de secos e molhados, como em outras ruas, mas geralmente era no Mercadão. Você ia lá comprar secos e molhados, verdura, hortifrutigranjeiros, carne. Tecidos, o que me marcou muito foram as Lojas Pernambucanas - era uma das lojas antigas. Você usava muito negócio de confecção: você mandava o alfaiate fazer um terno, uma calça, uma costureira fazer um vestido. Mas então você ia procurar onde? Você ia às Lojas Pernambucanas, ia à loja do Bidu, que eu me lembro, ou alguma loja dos turcos ali na rua Doutor Lúcio Malta, porque eles vendiam tecido, chita. O marido atual da minha tia, da Maria Auxiliadora do Carmo, era alfaiate.

Então eu também quase aprendi a profissão de alfaiate. Eu desde menino sempre estava mexendo com ele lá, ajudando a fazer as entretelas dos paletós, os bolsos. Então a gente sempre estava meio ligado ali. Negócio de loja de perfumaria que vendia ali, tinha o Jussi, que hoje já não existe mais. Casa de calçados, tinha a Casa Cota. Então, eram lojas mais ou menores, mas que tinham já aquele público fiel: o pessoal [que] vinha da roça e o pessoal mesmo da cidade, que gastava.

Eu achava que tinha um movimento até mais ou menos. Então, depois que começou a surgir esse tal de supermercado, hipermercado, então foi acabando isso. Porque você marcava... Você chegava, por exemplo num armazém, você comprava de caderneta para pagar no mês. Então você era fiel, cliente fiel. Não vou dizer que se achavam todos os produtos, tem alguma coisa que poderia faltar. Porque o mercado, por exemplo, quem fornecia mercadoria para o Mercadão era o pessoal que plantava na agricultura, que produzia na roça, no sítio, na chácara ou na fazenda.

FAMÍLIA
O meu pai nunca teve muito tempo para sair com a gente, quem mais saía era minha mãe. Então, a gente ou ia muito para a fazenda do meu avô - meu avô era fazendeiro, e me recordo, fui várias vezes em Aparecida, que tinha a tradicional Festa da Padroeira. A gente ia lá, tirava fotografia no jardim, no famoso lambe-lambe. Geralmente, a gente ia de trem - porque passava o trem na Central do Brasil - a gente ia de trem, descia na estação lá em Aparecida e ficava por lá, ficava no hotel.

INFÂNCIA
Aparecida, não me recordo, você sabe por causa do quê? Porque na época eu devia ter mais ou menos uns cinco, seis anos. O que eu me lembro mais é aqui de Jacareí. Porque a gente vivia próximo ali, porque a sorveteria era próximo ali da estação, então você está vendo o pessoal chegar, passavam os soldados que iam para o Exército - para Caçapava, para Lorena - ou quando vinha, eles paravam, desciam, faziam uma algazarra tremenda. As pessoas, às vezes até embarcavam para viajar sem comprar uma passagem, porque era tudo meio à vontade. É isso que eu achava interessante. Você vê: tinha carregador de mala, tinha pessoas vendendo doce, sei lá, na estação. Porque o trem parava ali, tinha gente do Rio de Janeiro, que era maquinista ou que era o chefe do trem, então, ele ia parar uns dez, quinze minutos, o cara saía de lá e ia à sorveteria tomar café, tomar sorvete, frappé - hoje a turma fala milk-shake, mas era frappé. Meu pai fazia um pão doce com queijo-minas tradicional e com chocolate quente... O pessoal do Rio de Janeiro já era acostumado, ficava amigo do meu pai. Falava para o meu pai: “Não, você tem que pôr uma sorveteria dessa lá na praça Mauá, no Rio”, porque meu pai ficava naquela ilusão... Cada lugar é um sistema: às vezes você leva um sistema daqui para uma outra cidade, não dá certo. Tudo depende do costume do povo.

CIDADES
Jacareí O biscoito de Jacareí vendia muito. E o pessoal da fábrica de biscoito então tinha umas barraquinhas na beira da Dutra, e vendia biscoito. Eu vi essas barraquinhas... E as pessoas paravam. As pessoas que passavam de carro, paravam: “Ah, vamos comprar biscoito”. Tinha ali perto do Frango Assado, pertinho ali de São José. Agora, uma coisa que era fantástica em Jacareí, que não pode deixar de mencionar, são as balas japonesas. Era uma família de japoneses que fazia. Eram umas balas de caramelo, coisa fora de série Eu não sei como que acontecia, que ela ficava meio açucarada, como o mel quando fica meio açucarado.

Ela era meio puxa. Ah, essa bala vendia em todo lugar, chegava a vender até em São Paulo, na rodoviária em São Paulo. Fornecia para lugar distante, principalmente nesses bares e restaurantes de via Dutra - bares e padarias aqui em Jacareí vendiam muito a bala japonesa. O biscoito era bom. Ah, fazia vários tipos: tinha o tal de Flor de Jacareí - um biscoitão grande que era um tipo de uma flor mesmo -, fazia sequilhos, biscoito de polvilho, tinha biscoito palito e vários outros tipos. O que mais saía era essa Flor de Jacareí, um biscoito meio farinhento. A fábrica de biscoito fica ali na Alfredo Shuring. Mas não faz mais o mesmo tipo de biscoito? Era doce o biscoito, mas não é aquele doce intenso: é tipo uma bolacha comum, só que ele é mais farinhento, e grande. Mas era gostoso para tomar com café com leite, era gostoso café puro mesmo, era gostoso.

AVALIAÇÃO
Comércio As lições que eu tirei? Olha, eu vou dizer para você: a lição que eu posso tirar disso tudo aí é o relacionamento humano. Isso é a coisa mais importante que tem: é a relação humana no comércio. Você tem que tratar bem a pessoa, tem muita coisa que você tem que ouvir e ficar quieto. Porque a freguesia, o freguês, o amigo, o cliente, ele é primordial. Mas a gente, nessa vida tão atribulada, a gente tem que estar preparado: você tem que levantar cedo e rezar mil vezes, pedir para que dê tudo certo. A coisa mais difícil que tem é você lidar com o público. Tem muita gente boa. Para mim, todos são bons.

CIDADES
Jacareí Jacareí era conhecida como “Atenas paulista”, onde funcionava o Educandário. Iam pessoas que o pai morria ou às vezes eram abandonadas pela família. Então o estado tinha uma escola para essas pessoas. O Educandário tinha escola de sapataria, de mecânica, ensinava música, fanfarra - tinha a fanfarra do Educandário. São as pessoas pobres. Tem amigos meus que foram criados dentro dessa instituição. Eram pessoas carentes, não tinham pai, não tinha mãe ou eram abandonados quando bebezinhos. Eles tinham fanfarra, banda, time de futebol. E tem muitos ali que hoje - saíram dali - moram em Jacareí, são casados, têm filho, têm neto.

AVALIAÇÃO
Entrevista Olha, eu fiquei contente. A hora que vocês precisarem, contem comigo. Porque a gente tem que colaborar para a sociedade, tem que colaborar com a história - principalmente da cidade de Jacareí, ou do Vale do Paraíba no caso. A gente tem que ser otimista, deixar alguma coisa para o futuro. Porque uma pessoa que poderia se orgulhar disso seria meu pai, se fosse vivo. Então, eu, no lugar dele, me sinto orgulhoso de poder colaborar com vocês.

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